Autorizada a construção de usina de dessalinização em Fortaleza próxima a cabos submarinos de Fibra Óptica

Em meio a debates sobre possíveis impactos na infraestrutura de internet do Brasil, o governo do Ceará autorizou, na quarta-feira (20), a construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza. A obra está planejada para ocorrer em uma área próxima à instalação de cabos de fibra óptica submarinos.

A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), responsável pelo projeto, assegura que não há riscos ao funcionamento dos cabos submarinos na região. De acordo com a estatal, estudos técnicos garantem a segurança do empreendimento, afastando a possibilidade de impacto negativo na infraestrutura digital.

A Praia do Futuro é uma das áreas do Brasil mais próximas à Europa e representa o ponto de entrada dos cabos de fibra óptica que distribuem o sinal de internet pela América Latina. Essa rede, originária na orla, desempenha um papel crucial na garantia de conexões de alta velocidade no continente, sendo responsável por 99% do tráfego de dados.

Os cabos submarinos partem da capital cearense em direção ao Rio de Janeiro, São Paulo e outros países da região. Um eventual rompimento dessa rede que conecta o Brasil à Europa poderia resultar em lentidão ou indisponibilidade do serviço de internet, afetando uma grande quantidade de usuários.

No entanto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) se opõe à construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro. A agência argumenta que o projeto não aborda adequadamente as possíveis influências no leito marinho causadas pelo processo de dessalinização e não atende às recomendações do International Cable Protection Committee (ICPC).

A Anatel destaca que o consórcio responsável pela obra seguiu apenas uma das recomendações, alterando a posição das tubulações em relação aos cabos submarinos, aumentando a distância de 40 m para 567 m. Empresas de telecomunicações também expressam preocupações com o projeto.

A continuidade do projeto depende da emissão da Licença de Instalação pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Caso não haja interferências no processo, a obra, estimada em R$ 3,2 bilhões, está programada para iniciar em março de 2024, com conclusão prevista em até dois anos.