O Spotify confirmou que parte do seu catálogo musical foi acessada de forma não autorizada por terceiros. A revelação veio após um grupo de ativistas antipirataria divulgar metadados de cerca de 256 milhões de faixas, além de mencionar a existência de 86 milhões de arquivos de áudio associados a músicas adicionadas à plataforma entre 2007 e 2025.
As informações foram publicadas pelo blog Anna’s Archive, que descreveu o conjunto como o primeiro “arquivo de preservação” musical totalmente aberto. Segundo o grupo, o volume total de dados extraídos se aproxima de 300 terabytes e deve ser distribuído por meio de redes ponto a ponto, como torrents.
Como o acesso indevido aconteceu
De acordo com o Spotify, os responsáveis conseguiram contornar mecanismos de DRM, o sistema de gerenciamento de direitos digitais usado para proteger os arquivos de áudio. A empresa afirmou que identificou e desativou contas envolvidas na extração ilegal dos dados.
“Implementamos novas medidas de segurança e seguimos monitorando qualquer comportamento suspeito”, informou um porta-voz da plataforma em declaração à Euronews Next.
O Spotify reforçou que não há evidências de comprometimento de dados privados de usuários. As únicas informações relacionadas a contas envolvidas no caso dizem respeito a playlists públicas, sem acesso a dados sensíveis.
Impactos e preocupações levantadas
O Anna’s Archive afirma que a iniciativa tem como objetivo “preservar o conhecimento e a cultura da humanidade”, comparando o projeto a acervos digitais já criados para livros e textos acadêmicos. No entanto, especialistas em direitos autorais e tecnologia alertam para os riscos do vazamento.
Uma das principais preocupações é o uso desse material por empresas de inteligência artificial. Com um volume tão grande de músicas modernas disponíveis, o treinamento de modelos de IA musical em larga escala se torna tecnicamente mais simples, esbarrando apenas em barreiras legais.
Segundo Yoav Zimmerman, CEO da Third Chair, o episódio reduz drasticamente a dificuldade técnica para treinar modelos de IA com música contemporânea, deixando a aplicação das leis de direitos autorais como o principal fator de contenção.
Entre os riscos apontados estão a possibilidade teórica de replicar a estrutura do Spotify, o uso dos dados para treinar modelos de IA generativa e a ampla disseminação do conteúdo por meio de torrents.
Resposta oficial do Spotify
Em comunicado, o Spotify reafirmou seu posicionamento contra a pirataria e destacou o compromisso com artistas e criadores. A empresa afirmou que, desde sua fundação, atua para proteger a comunidade criativa e garantir que os direitos autorais sejam respeitados.
A plataforma também informou que reforçou seus mecanismos de segurança e continua acompanhando o caso de perto para evitar novos acessos indevidos ao catálogo.