O Plano e-Ciber foi criado para fortalecer a cibersegurança no Brasil, mas seu sucesso depende de muito mais do que diretrizes no papel. A verdadeira transformação só acontece quando estratégias se traduzem em práticas consistentes dentro das instituições.
Ainda existem barreiras importantes a serem enfrentadas: vulnerabilidades já conhecidas, falta de profissionais qualificados e falhas em processos básicos, que continuam abrindo espaço para riscos desnecessários. Ou seja, além de avançar em governança, o país precisa consolidar uma cultura de disciplina e resiliência na gestão de riscos digitais.
Lições do combate ao ransomware
O relatório State of Ransomware 2025, da Sophos, mostra como novas abordagens já estão ajudando empresas a se proteger melhor. Segundo o estudo, o tempo médio em que criminosos permanecem dentro de uma rede caiu de quatro para dois dias em um ano.
Esse resultado está diretamente ligado à expansão do uso de serviços de Detecção e Resposta Gerenciada (MDR), que oferecem monitoramento contínuo e suporte especializado. Na prática, isso significa mais agilidade: o tempo médio de resposta foi de três dias em ataques com ransomware e de apenas um dia em outros incidentes.
O dado ganha peso quando se considera que 83% dos arquivos maliciosos são lançados durante a noite, fora do horário comercial. Nessas situações, contar com monitoramento em tempo real pode ser a diferença entre conter um ataque ou enfrentar uma crise de grandes proporções.
Segurança como cultura, não como exceção
Um dos pontos mais relevantes do Plano e-Ciber é a necessidade de mudar a mentalidade sobre segurança digital. Ela não pode ser tratada apenas como gasto ou medida emergencial após um incidente. Precisa ser contínua, integrada e parte da governança do negócio e do Estado.
Caminho para o futuro
Se aplicado da forma correta, o Plano e-Ciber pode marcar um novo capítulo na cibersegurança do Brasil. Mais do que protocolos, ele deve incentivar a formação de uma cultura sólida de resiliência, que envolva líderes, treine equipes, invista em tecnologia e proteja não só sistemas, mas também a soberania nacional.
No fim das contas, cada segundo conta. Prevenção e resposta são inseparáveis, e o futuro da segurança digital no país dependerá da capacidade de agir rápido e com estratégia.