O Brasil acordou nesta quinta-feira (28) com a notícia de uma das maiores operações contra o crime organizado já realizadas no país. Batizada de “Carbono Oculto”, a ação reuniu 1,4 mil agentes das polícias Civil, Militar e Federal, além do Ministério Público e da Receita Federal. O alvo: o esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) através de fintechs.
Foram mais de 350 mandados de busca, apreensão e prisão cumpridos em diferentes estados. As investigações apontam que o PCC opera por meio de mais de 40 fundos de investimento, movimentando um patrimônio estimado em R$ 30 bilhões. Parte desse dinheiro foi usada para comprar postos de combustíveis, usinas, transportadoras e até um terminal portuário.
Um dado chama atenção: 42 alvos da operação estão na Avenida Faria Lima, coração financeiro do Brasil e da América Latina.
O papel das fintechs no esquema
Entre as empresas investigadas está o BK Bank, fundado em 2015. A fintech oferece serviços como contas empresariais, pagamentos e cartões de benefícios corporativos. De acordo com as autoridades, além do BK Bank, outras 40 empresas do setor financeiro estariam ligadas às operações do PCC.
Mas por que fintechs? Diferente dos bancos tradicionais, elas seguem regras de fiscalização distintas, o que acaba tornando transações mais difíceis de rastrear. Em alguns casos, volumes bilionários circularam sem levantar suspeitas.
Um exemplo citado foi o uso de “contas bolsão” – grandes contas em que circulam valores de várias outras. Esse tipo de operação gera milhares de movimentações simultâneas, dificultando o monitoramento e criando um ambiente propício para a lavagem de dinheiro.
Entre 2020 e 2024, apenas uma dessas fintechs movimentou R$ 46 bilhões sem chamar atenção dos órgãos de controle.
O caminho do dinheiro
Grande parte dos recursos era direcionada para a compra de postos de combustíveis. Além de praticar sonegação fiscal e vender combustível adulterado, essas empresas serviam como canal para reinserir o dinheiro ilícito na economia, posteriormente aplicado em fundos de investimento.
Posição do BK Bank
Em nota enviada ao site Seu Dinheiro, o BK Bank declarou:
“A instituição de pagamentos é devidamente autorizada, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil e conduz todas as suas atividades com total transparência, observando rigorosos padrões de compliance. O BK Bank reitera seu compromisso com a legalidade e coloca-se à inteira disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e colaborar plenamente com as investigações.”