A Marinha da Itália confirmou seus planos para desenvolver um porta-aviões movido a energia nuclear, marcando um passo histórico rumo à modernização de sua frota. A fase inicial de estudos do projeto deve começar em 2026, e, se concretizado, o país entrará para o grupo restrito de nações com embarcações desse tipo.
Chamado oficialmente de “Portaerei di Nuova Generazione” (Porta-aviões de Nova Geração), o projeto faz parte do programa Minerva e promete incorporar algumas das tecnologias mais avançadas do setor naval, incluindo catapultas eletromagnéticas (EMALS) — o mesmo sistema usado pelos mais modernos porta-aviões dos Estados Unidos.
Propulsão nuclear e inovações tecnológicas
O futuro porta-aviões italiano será equipado com reatores navais capazes de gerar até 30 MW de energia cada, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e ampliando a autonomia operacional. Essa tecnologia também permitirá melhor aproveitamento do espaço interno, liberando mais área para o transporte de munições, combustível e aeronaves.
Entre os destaques do projeto:
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Propulsão nuclear com reatores compactos e alta eficiência energética;
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Catapultas eletromagnéticas (EMALS), substituindo o sistema a vapor tradicional e permitindo o lançamento de aeronaves mais pesadas;
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Compatibilidade com caças de sexta geração da Força Aérea dos EUA e com o F-35C, além do F-35B já em uso pela Itália;
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Capacidade de operação com drones para missões de ataque, reconhecimento e vigilância;
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Defesas cibernéticas e sistemas de armas de energia direcionada, reforçando a segurança em ambientes digitais e de combate moderno.
Com essas especificações, o navio deve se tornar uma das embarcações mais avançadas do Mediterrâneo, acompanhando os esforços da França, que também iniciou recentemente a construção de seu próprio porta-aviões nuclear.
Desafios e cronograma
Apesar do entusiasmo, o projeto ainda enfrenta incertezas e desafios técnicos. O governo italiano informou apenas que a fase de estudos será iniciada em 2026, sem previsão para o início da construção. Questões como altos custos, demanda por profissionais especializados e debates sobre viabilidade econômica e ambiental podem atrasar o cronograma.
Analistas indicam que, mesmo com aprovação, a construção só deve começar após 2030, e o porta-aviões entraria em operação por volta de 2040.
Um retorno à ambição nuclear
A aposta italiana na propulsão nuclear não é inédita. Nos anos 1950, o país chegou a anunciar o submarino nuclear Guglielmo Marconi, movido por um reator de 30 MW inspirado em modelos americanos. O projeto acabou abandonado na década seguinte, após o fim da cooperação tecnológica com os EUA.
Com o Portaerei di Nuova Generazione, a Itália tenta retomar essa ambição — agora com foco em uma frota moderna, sustentável e pronta para os desafios estratégicos das próximas décadas.