Brasil precisa formar “exércitos de desenvolvedores, programadores e cientistas de dados”

Depois de três décadas de política pró-novação do Brasil tem um ecossistema maduro em plenas condições de apoiar o setor empresarial. Pelas contas do secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, os aportes viabilizados pela legislação de TICs aumentaram, mas ainda exigem esforços públicos que facilitem investimentos em formação e qualificação de pessoal.

Ele disse, “Entendo que nosso primeiro desafio é regulatório. Mas desde que decidimos, por exemplo, que informática era prioridade, avançamos muito. Temos uma Lei de TIC, que completou 30 anos, com core em pesquisa e desenvolvimento, que resultou em uma média de R$ 1,5 bilhão por ano de recursos privados para aplicação em P&D. Esse valor cresceu e em plena pandemia chegou a R$ 1,9 bilhão. E com a perspectiva da implantação das tecnologias do 5G, esse número, escorado no setor privado e na legislação, tende a crescer”.

O tema foi abordado no painel Um país inovador,  que aconteceu durante o Brasscom TecFórum, na quinta-feira,  dia 24/03. Alvim insistiu na necessidade de uma integração maior e mecanismos que permitam que os recursos se transformem em capacitação profissional. “A melhor forma de a gente apoiar empresas para mitigar risco é atuar em pontas que são custos para as empresas e que para o setor publico pode ser um grande investimento. Nessa linha, uma questão é preparar capital humano para que as empresas incorporem cada vez mais profissionais qualificados. Precisamos mitigar o custo dessa incorporação e preparar cada vez mais capital humano”, adiciona.

Segundo Alvim, “precisamos preparar exércitos de desenvolvedores, programadores, cientistas de dados à disposição das empresas. Isso exige o esforço de fortalecer a infraestrutura de ICTs do país para que esteja disponível para atuar em parceria com as empresas. O desafio brasileiro de capital humano é quantidade.”

Ricardo Neves, CEO Da NTT Data Brasil, lembrou que a falta de trabalhadores é fator crucial para o mercado. “Na perspectiva das empresas, a dificuldade de fixação de mão de obra continua sendo o grande gargalo da inovação no ecossistema que a própria empresa procura se colocar. Uma possibilidade seria trabalhar como usar parte dotação para que a gente possa reduzir custos específicos associados ao treinamento. Para que a gente traga o nível necessário de engenheiros de dados, de cientistas de dados. De forma que a gente possa usar a Lei do Bem para as parcerias com universidades e mais rapidamente trazer essas pessoas tão necessárias.”

O Gerente executivo de computação do Senai  Cimatec, Advhan Furtado, destacaram, um caminho é a construção de parcerias mais perenes com os institutos de ciência e tecnologia. “Não é coincidência que as empresas mais competitivas são as que investem mais em pesquisa e inovação. Mas muitas vezes as dificuldades, especialmente de pequenas e médias empresas, torna difícil a inovação. Uma alternativa é trabalhar em cooperação com um centro vocacionado para P&D. E para os ICTs é a grande oportunidade de aplicar conhecimento às questões reais, ampliar a capacitação e fixação de talentos.”