Nesta semana, a Apple enviou notificações de segurança a usuários em mais de 100 países, alertando que seus dispositivos podem ter sido alvos de spyware mercenário vinculado a governos. A informação foi confirmada por duas pessoas que receberam os alertas: o jornalista italiano Ciro Pellegrino e a ativista política holandesa Eva Vlaardingerbroek.
Assim como em notificações anteriores, a Apple informou que esses ataques têm como alvo pessoas específicas “por causa de quem são ou do que fazem”. Embora a empresa afirme que não é possível ter certeza absoluta sobre cada ataque, o alerta ressaltava: “A Apple tem grande confiança neste aviso — por favor, leve-o a sério”.
Jornalista e ativista entre os alvos
Ciro Pellegrino, do site italiano Fanpage, relatou que recebeu o aviso por e-mail e SMS. Segundo ele, a Apple destacou que diversas outras pessoas também foram notificadas na mesma ocasião. “Isso realmente aconteceu? Sim, não é uma piada”, escreveu o jornalista em um artigo.
Já Eva Vlaardingerbroek, ativista conhecida por seu posicionamento político à direita, compartilhou a notificação em vídeo nas redes sociais. “Foi uma tentativa de me intimidar e me silenciar, obviamente”, afirmou.
Reincidência na Itália
O caso de Pellegrino marca o segundo jornalista italiano notificado como alvo de spyware em 2024. Em fevereiro, o WhatsApp alertou Francesco Cancellato, também da Fanpage, sobre um ataque semelhante — que, segundo a plataforma, foi conduzido com um spyware da empresa israelense Paragon Solutions.
Na sequência, outros dois integrantes de uma ONG italiana que resgata migrantes no Mediterrâneo relataram terem sido atacados com o mesmo spyware. A repercussão fez com que a Paragon encerrasse o contrato com o cliente governamental italiano responsável pelo monitoramento.
Apple, WhatsApp e o combate ao spyware
Assim como o WhatsApp e o Google, a Apple tem mantido esforços constantes para alertar usuários sobre atividades suspeitas ligadas a espionagem governamental. As notificações enviadas costumam orientar as vítimas a buscar suporte de organizações especializadas, como o Citizen Lab — grupo de pesquisa canadense que vem investigando esse tipo de ataque há mais de uma década.
A Apple ainda não esclareceu a qual campanha específica de espionagem se referem os alertas recentes, nem respondeu publicamente aos pedidos de comentário.