Nos dias 29 e 30 de novembro, São Paulo recebe mais uma edição da GambiConf, uma conferência que segue um caminho totalmente diferente dos eventos corporativos tradicionais de tecnologia. Dividida entre a USP e a sede da TOTVS, a GambiConf é dedicada ao espírito experimental da computação, aquele que nasce de projetos pessoais, soluções improváveis e muito improviso engenhoso.
A iniciativa surgiu em 2021, inspirada na BangBangCon dos Estados Unidos, quando os organizadores decidiram criar algo semelhante para o público brasileiro. A primeira edição aconteceu online, em plena pandemia. Depois veio o modelo híbrido, e agora, em 2025, a conferência assume o formato totalmente presencial.
A proposta continua fiel ao DNA original: um espaço onde ideias esquisitas têm valor técnico, desde vulnerabilidades curiosas até automações nada ortodoxas. Para quem trabalha com cibersegurança, o evento acaba se tornando um campo fértil, justamente por escapar das pautas corporativas mais rígidas. O critério de curadoria continua simples e direto: algo só entra na programação se for surpreendente o bastante.
A seleção das palestras é conduzida por Bruno Macabeus, idealizador da conferência, e as submissões são completamente abertas ao público. Qualquer pessoa pode sugerir temas ou enviar trabalhos.
A edição deste ano deve reunir 11 palestras, 6 workshops e um painel de encerramento. O sábado será dedicado às apresentações, enquanto o domingo concentra atividades práticas e fecha com o painel “Privacidade e Censura na Internet”, focado na relação entre tecnologia, controle de informação e políticas de acesso à rede.
A organização conta com profissionais experientes, incluindo Gabriel Barbosa, especialista em cibersegurança e professor da FIAP, além de desenvolvedores envolvidos com projetos open source e iniciativas comunitárias.
Desde o lançamento, a GambiConf acumulou mais de 33 mil visualizações no YouTube e 65 apresentações. Seu público principal é formado por desenvolvedores e especialistas de segurança de nível intermediário e sênior, justamente os que costumam puxar inovações dentro das equipes.
Macabeus define o propósito da conferência como uma forma de expandir horizontes na computação. Segundo ele, a ideia é incentivar as pessoas a criarem o que realmente querem e acham interessante, sem a pressão do ambiente corporativo.
O evento mantém transmissão ao vivo, de graça, e segue uma filosofia de comunidade: transparência financeira, acesso livre e sem fins lucrativos. Antes da conferência principal, também está previsto um esquenta aberto ao público.
Para quem busca inspiração que vá além de CVEs, frameworks e relatórios formais, a GambiConf segue como um lembrete de que muitas das melhores ideias em tecnologia começaram como gambiarras inteligentes.