A venda de atestados médicos falsos, receitas controladas e até medicamentos proibidos vem crescendo de forma preocupante nas redes sociais e no Telegram. Um levantamento divulgado pelo g1 mostra que esse comércio aumentou mais de 20 vezes nos últimos sete anos, usando inclusive dados reais de médicos sem autorização.
Crescimento alarmante
Em 2018, foram registradas 686 publicações por ano oferecendo documentos e remédios ilegais. Em 2025, esse número já passa de 15 mil, alcançando quase 500 mil visualizações só neste ano. Estima-se que mais de 27 mil pessoas participem dessas comunidades, espalhadas também por TikTok, X, Facebook, Instagram e até Google.
O que está sendo vendido?
O esquema ilegal oferece uma ampla lista de documentos e remédios:
- Receitas amarelas: usadas para prescrever entorpecentes e psicotrópicos mais restritos, com carimbos reais para parecerem legítimas.
- Receitas azuis e brancas: necessárias para psicotrópicos de uso controlado e medicamentos comuns.
- Atestados médicos falsos: com escolha de dias de afastamento, doenças (CID) e até recomendações médicas.
- Medicamentos tarja-preta: opioides, benzodiazepínicos, remédios para insônia, abortivos e inibidores de apetite.
Muitos desses documentos usam assinaturas e registros reais de médicos, aplicados sem consentimento. Para driblar a fiscalização, os vendedores orientam os compradores a procurar farmácias menores e até assinar por cima do carimbo do médico.
Como o esquema funciona
Essas redes operam como verdadeiros marketplaces clandestinos, com bots, perfis falsos e canais organizados para entrega rápida. Após a confirmação do pagamento, os compradores recebem acesso imediato ao material.
O que está sendo feito para combater
- O Conselho Federal de Medicina (CFM) desenvolveu um sistema de rastreamento para verificar se atestados são legítimos, mas a ferramenta foi suspensa após disputas com empresas de tecnologia da saúde.
- A Anvisa está testando uma plataforma de emissão digital de receitas, que permitirá validar a autenticidade no ato da compra. A previsão é que o recurso esteja disponível até o fim do ano.
- Plataformas acusadas de lucrar com anúncios — como Google, Meta, Telegram e X — não se manifestaram. Já o TikTok afirmou contar com equipes dedicadas a remover conteúdos fraudulentos.
Por que isso é perigoso?
Além do crime de falsificação de documentos, esse mercado paralelo coloca em risco a saúde de quem compra. O uso de medicamentos controlados sem orientação médica pode causar efeitos adversos graves e até fatais.
