O Tinder está apostando pesado em inteligência artificial (IA) para dar uma nova cara ao aplicativo e tentar reverter uma sequência negativa de nove trimestres consecutivos de queda no número de assinantes pagantes até o terceiro trimestre deste ano.
Durante a conferência de resultados realizada na última terça-feira (30), a Match Group, dona do app, anunciou que está testando um novo recurso chamado Chemistry — uma ferramenta que usa IA para conhecer melhor os usuários por meio de perguntas e, com autorização, acessar as fotos do rolo da câmera para entender seus interesses e personalidade.
O teste do Chemistry começou na Nova Zelândia e na Austrália, e segundo o CEO da Match Group, Spencer Rascoff, o recurso será “um pilar importante da experiência do Tinder em 2026”.
IA com acesso às fotos: uma tendência questionável
O Tinder não é o único aplicativo a explorar o acesso ao rolo da câmera. Recentemente, o Meta também lançou uma funcionalidade semelhante, permitindo que a IA analise fotos ainda não publicadas para sugerir edições automáticas.
Apesar disso, o benefício direto para o usuário ainda é considerado pequeno diante do nível de acesso solicitado.
No caso do Tinder, a proposta é usar IA para recomendar matches mais compatíveis. Por exemplo: se o algoritmo identificar fotos suas praticando trilhas ou escaladas, ele pode sugerir conexões com pessoas que compartilham o mesmo estilo de vida.
Impacto financeiro e novas apostas da Match
Os testes do novo recurso já começaram a refletir nos números da empresa. A Match prevê um impacto negativo de US$ 14 milhões na receita do Tinder no quarto trimestre.
Com isso, a projeção total da companhia caiu para entre US$ 865 milhões e US$ 875 milhões, abaixo da expectativa dos analistas, que era de US$ 884,2 milhões.
Além do Chemistry, a empresa está aplicando IA em outras áreas do app, como:
- Filtro de mensagens ofensivas – o sistema pergunta “Tem certeza?” antes que o usuário envie algo potencialmente inapropriado.
- Seleção de fotos – a IA ajuda o usuário a escolher suas melhores imagens para o perfil.
O Tinder também vem testando novos formatos para atrair assinantes, incluindo modos de namoro, encontros duplos, verificação facial e perfis reformulados, que destacam informações pessoais logo na primeira foto.
Desafios e queda no uso
Mesmo com as mudanças, o Tinder encara um cenário desafiador. Jovens estão se afastando dos aplicativos de namoro e preferindo experiências presenciais, enquanto o público norte-americano reduz gastos com assinaturas devido à pressão econômica e à possibilidade de recessão.
No terceiro trimestre, a receita do Tinder caiu 3% em comparação com o ano anterior, e o número de usuários pagantes diminuiu 7%.
No geral, o desempenho da Match Group ficou próximo das previsões: a receita subiu 2%, alcançando US$ 914,2 milhões (contra os US$ 915 milhões esperados), e o lucro por ação foi de US$ 0,62, ligeiramente abaixo dos US$ 0,63 previstos.