Seus dados valem ouro: como apps gratuitos lucram com suas informações

Hoje em dia, é comum termos dezenas de aplicativos instalados no celular, muitos deles gratuitos. Mas isso não significa que eles não geram lucro — na verdade, muitos são altamente rentáveis. O segredo? Eles ganham dinheiro com os seus dados pessoais.

Se você já se perguntou por que tantos apps oferecem serviços “de graça”, a resposta está na forma como coletam, analisam e vendem informações sobre o seu comportamento online. Esses dados alimentam um mercado bilionário voltado à personalização de anúncios e estratégias de marketing digital.

Por que seus dados são tão valiosos?

Segundo um artigo publicado no portal The Conversation, os professores Kassem Fawaz e Jack West, da Universidade de Wisconsin-Madison, explicam que a coleta de dados por aplicativos não é nenhuma novidade — e muito menos um segredo. A diferença é que hoje esse processo se tornou muito mais preciso e barato do que era no passado.

Antes, empresas precisavam realizar grandes pesquisas para entender quem eram seus clientes e como poderiam alcançá-los. Hoje, elas conseguem saber em tempo real o que você curte, por onde anda, o que assiste e até quanto tempo passa em um post ou vídeo. Tudo isso com base nas suas interações com apps e redes sociais.

Um exemplo claro é a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), que vale mais de US$ 1,4 trilhão — e 98% de sua receita vem da publicidade digital, alimentada pelos dados dos seus mais de 7 bilhões de usuários mensais.

O que exatamente os aplicativos coletam?

Ao criar uma conta em qualquer plataforma, você provavelmente fornece informações como:

  • Nome completo
  • Idade e data de nascimento
  • Gênero
  • Localização
  • Emprego ou formação acadêmica

Além disso, apps acompanham como você usa o serviço: o que vê, por quanto tempo, com o que interage e quando. Esses dados criam um “perfil comportamental” que é usado para exibir anúncios direcionados — e, em alguns casos, pode até ser vendido para outras empresas.

Como reduzir a exposição dos seus dados

Apesar do cenário preocupante, existem formas práticas de proteger seus dados:

1. Leia as políticas de privacidade (ou pelo menos partes delas)
Sim, são longas e técnicas. Mas tente responder a estas três perguntas ao analisá-las:

  • Quais dados estão sendo coletados?
  • Como essa coleta é feita?
  • Para que fins esses dados serão usados?

Se você não tiver respostas claras, talvez seja melhor evitar o app.

2. Revise permissões
Muitos aplicativos pedem acesso à câmera, localização, contatos ou microfone mesmo quando isso não é necessário. Acesse as configurações do seu celular e remova permissões que não fazem sentido para o tipo de serviço prestado.

3. Use navegadores em modo privado ou VPNs
Essas ferramentas podem diminuir a quantidade de informações compartilhadas online. Não é uma solução definitiva, mas ajuda a reduzir o rastreamento.

4. Reflita sobre o uso de redes sociais
Pergunte a si mesmo: você realmente precisa compartilhar tudo sobre sua vida online? Curtidas, comentários, check-ins e fotos revelam muito mais sobre você do que parece — e tudo isso entra no radar dos algoritmos.

5. Reavalie os apps instalados
Vale a pena manter todos os aplicativos que você tem no celular? Muitas vezes, acumulamos ferramentas que não usamos mais, mas que continuam coletando dados em segundo plano.

A troca entre serviços “gratuitos” e privacidade já é uma realidade consolidada na internet. Mas isso não significa que você precise aceitar tudo passivamente. Entender como os aplicativos funcionam e tomar pequenas medidas de proteção pode fazer uma grande diferença na forma como seus dados são usados — e quem lucra com eles.

Ficar atento é o primeiro passo para navegar com mais segurança no mundo digital.