Polícia Federal Investiga: Ataque Hacker contra o paraguai

A Polícia Federal está apurando se um ataque hacker autorizado pelo governo brasileiro contra o Paraguai teve caráter ilegal. A informação foi divulgada pelo colunista Aguirre Talento, do UOL.

De acordo com a reportagem, a ação de espionagem começou a ser planejada ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas foi executada sob autorização do atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O objetivo do ataque teria sido acessar informações sigilosas do governo paraguaio relacionadas à negociação das tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu.

Invasão de Sistemas e Captura de Dados

O ataque teria invadido computadores de autoridades paraguaias para obter dados estratégicos. Um servidor da Abin que participou da operação relatou os detalhes em depoimento à Polícia Federal, e um segundo agente confirmou a existência da ação. Segundo os depoimentos, os hackers conseguiram capturar informações de diversos alvos ligados à cúpula do governo paraguaio.

A operação ocorreu meses antes de o Brasil e o Paraguai fecharem um novo acordo sobre os valores pagos pela energia de Itaipu, em maio de 2024. No entanto, não há confirmação se os dados obtidos pela Abin foram usados para favorecer o Brasil na negociação.

Ataque Hacker Partiu de Fora do Brasil

Segundo a reportagem, a invasão envolveu o uso do programa Cobalt Strike, uma ferramenta utilizada para ataques cibernéticos. O servidor da Abin informou à PF que o ataque não foi realizado a partir do Brasil.

Para executar a ação, agentes da Abin teriam feito três viagens ao Chile e ao Panamá, onde montaram servidores virtuais para disparar os ataques. Entre os alvos estavam sistemas do Congresso, Senado, Câmara e Presidência do Paraguai.

Os depoimentos também indicam que o plano foi inicialmente aprovado pelo então diretor da Abin, Victor Carneiro, que assumiu o cargo no fim do governo Bolsonaro. Contudo, a operação também teria recebido aval de seus sucessores, incluindo o atual diretor, Luiz Fernando Corrêa.

Até o momento, nem a Agência Brasileira de Inteligência nem seu atual diretor se manifestaram oficialmente sobre o caso. O governo paraguaio também não fez comentários públicos sobre o ocorrido.