Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) analisou mais de 2 bilhões de mensagens públicas no Discord, utilizando recursos oficiais disponibilizados pela própria plataforma. A iniciativa, no entanto, gerou polêmica nas redes sociais, com usuários alegando surpresa e questionando possíveis violações de privacidade, conforme reportado pelo G1.
O objetivo da pesquisa
Divulgado em fevereiro, o estudo intitulado “Discord Revelado: um conjunto abrangente de dados de comunicação pública” visa criar um banco de dados para apoiar pesquisas em ciências sociais. A análise abrange mensagens postadas entre 2015 e 2024, coletadas de servidores públicos, onde os usuários, ao aceitarem os Termos de Uso da plataforma, tornam seus conteúdos acessíveis.
O Discord, atualmente, possui cerca de 200 milhões de usuários que interagem por texto, voz e vídeo — sendo especialmente popular entre crianças e adolescentes que se conectam para jogar e conversar simultaneamente.
Como os dados foram coletados
De acordo com os autores, a coleta utilizou dois recursos oferecidos pela própria plataforma:
- Discovery: ferramenta que permite navegar por servidores públicos sem a necessidade de ingressar nos grupos.
- API oficial: interface que possibilita o acesso e compartilhamento de grandes volumes de dados.
Além disso, para preservar a privacidade, os nomes dos usuários foram substituídos por pseudônimos, impedindo a identificação direta dos autores das mensagens coletadas.
Discord contesta o levantamento
Em nota enviada ao G1, o Discord questionou os métodos empregados na coleta, apesar de terem sido usados recursos disponíveis na própria plataforma. “O Discord está investigando essa atividade com diligência e tomará as medidas cabíveis. Esse é um assunto sério e estamos comprometidos com a proteção da privacidade e dos dados dos nossos usuários”, afirmou a empresa.
A plataforma também destacou que a extração de dados em larga escala, sem o consentimento expresso do Discord, configura violação dos Termos de Serviço e das Diretrizes da Comunidade. Embora tenha reconhecido que os pesquisadores adotaram medidas para proteger a identidade dos usuários, reiterou que tal prática ainda contraria suas políticas internas.
O caso reacende o debate sobre os limites entre a coleta de dados públicos para fins acadêmicos e a proteção da privacidade dos usuários nas redes sociais. Enquanto a pesquisa busca contribuir com avanços científicos, a controvérsia destaca a importância de políticas claras e éticas para o uso de informações em ambientes digitais.