O padrão Unit of Work, descrito por Martin Fowler, é uma abordagem usada para acompanhar tudo o que muda dentro de uma transação e coordenar a gravação dessas alterações, lidando também com problemas de concorrência. Em termos simples, ele funciona como um gerente silencioso que observa o que foi modificado e garante que tudo seja persistido no banco de forma organizada, atomicamente e sem conflitos.
Esse padrão aparece em praticamente todos os ORMs modernos. Ferramentas como NHibernate (via ITransaction), LINQ to SQL (DataContext) e Entity Framework (DbContext/DbSet) já oferecem uma implementação interna de Unit of Work. Até o antigo DataSet pode cumprir esse papel. Na prática, você só cria sua versão personalizada quando precisa de controle adicional, como logging, tracing, testes mais precisos ou gerenciamento explícito de transações.
A função essencial do Unit of Work é atuar como um contexto que mantém o estado das entidades durante a transação. Ele garante que repositórios diferentes compartilhem a mesma instância de contexto, permitindo que todas as operações sejam agrupadas em um único commit. Isso evita duplicações de atualizações, garante consistência e centraliza a lógica de persistência.
Um exemplo clássico envolve a criação de uma camada de repositórios somada à Unidade de Trabalho. O repositório cuida das operações da entidade, enquanto a Unit of Work gerencia quando e como as mudanças são aplicadas ao banco. No caso de um sistema com vários repositórios, todos podem compartilhar o mesmo contexto, permitindo que o commit final seja único e consistente.
No Entity Framework, o DbContext atua como a base da Unidade de Trabalho. Ele acompanha o ciclo de vida das entidades, detecta alterações e aplica updates, inserts ou deletes conforme necessário. O contexto também permite configurar inicializadores de banco (como DropCreateDatabaseAlways, DropCreateDatabaseIfModelChanges e CreateDatabaseIfNotExists) para criar e popular o banco durante o desenvolvimento.
Durante o processo, o Entity Framework usa convenções automáticas para criar tabelas e campos, dispensando configurações manuais em muitos casos. Uma classe simples, como Article, já é suficiente para gerar uma tabela com chave primária, campos de texto e tipos apropriados. E com a propriedade AutoDetectChanges ativa, o EF acompanha em tempo real as alterações, embora isso possa ser desativado para ganhar performance em cenários específicos.
A Unidade de Trabalho centraliza três responsabilidades importantes: gerenciar transações, organizar a sequência de operações de escrita e evitar atualizações duplicadas. Mesmo que várias partes do código marquem um objeto como alterado, o Unit of Work enviará apenas um comando de update.
Em testes, o padrão se mostra eficiente. Inserir, atualizar e remover registros pode ser feito via repositórios centralizados, enquanto a Unit of Work cuida do commit final. Essa separação traz clareza, previsibilidade e facilita a manutenção.
Embora o exemplo apresentado seja simples, o padrão Unit of Work se destaca justamente por sua versatilidade. Em projetos grandes, ele se torna um pilar para manter ordem no fluxo de dados, organiza a persistência e reduz o acoplamento entre camadas da aplicação. É um daqueles padrões que, quando entendidos e aplicados da forma certa, ajudam a manter o sistema estruturado mesmo quando a complexidade cresce.