A Microsoft proibiu seus funcionários de utilizarem qualquer versão do serviço de inteligência artificial DeepSeek, de origem chinesa. A restrição vale tanto para o aplicativo móvel quanto para o acesso via desktop, e foi confirmada publicamente pelo presidente da companhia, Brad Smith, durante uma audiência no Senado dos Estados Unidos realizada na última sexta-feira (9).
Motivo: armazenamento de dados e vigilância estatal
Segundo Smith, a decisão foi tomada devido a preocupações com o armazenamento de dados em servidores localizados na China, o que, segundo ele, pode sujeitar as informações de usuários à vigilância das agências de inteligência do governo chinês. Ele também citou a possível influência de “propaganda chinesa” por meio do serviço de IA, destacando que a política de privacidade da DeepSeek segue a legislação chinesa, conhecida por permitir acesso governamental irrestrito aos dados.
A big tech, inclusive, não autorizou a presença do app da DeepSeek em sua loja de aplicativos, justamente por essas razões.
DeepSeek R1 ainda aparece na nuvem da Microsoft — com ajustes
Apesar da proibição do aplicativo, o modelo de linguagem DeepSeek R1, criado pela empresa chinesa, está disponível na plataforma de nuvem Azure, da própria Microsoft. Mas há uma diferença técnica importante: o DeepSeek R1 é open source, ou seja, qualquer usuário pode utilizar o modelo localmente ou em servidores próprios, sem conexão com a infraestrutura da empresa na China.
Segundo reportagem do TechCrunch, antes de disponibilizar o modelo no Azure, a Microsoft realizou ajustes internos para eliminar “efeitos colaterais prejudiciais”, embora não tenha detalhado quais seriam essas modificações.
Concorrência direta com o Copilot e outros grandes players
O DeepSeek R1 ganhou grande atenção no início de 2025 e chegou a ser apontado como um dos concorrentes diretos do Copilot, assistente de IA da Microsoft, e do ChatGPT, da OpenAI. Seu crescimento chamou atenção global, e a cautela de grandes empresas em relação à tecnologia chinesa tem se tornado um padrão, tanto no setor privado quanto em decisões governamentais.