O Ministério da Defesa de Israel anunciou nesta segunda-feira a apreensão de 187 carteiras de criptomoedas supostamente controladas pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC). Segundo o Escritório Nacional de Combate ao Financiamento do Terrorismo (NBCTF), essas carteiras seriam usadas para movimentações financeiras ligadas a crimes de terrorismo.
O IRGC é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Israel e outros países.
O que se sabe sobre as carteiras
De acordo com a empresa de monitoramento de blockchain Elliptic, essas carteiras já receberam cerca de US$ 1,5 bilhão em USDT (Tether) ao longo do tempo. Hoje, porém, o saldo ativo é de apenas US$ 1,5 milhão, uma fração do que circulou nelas anteriormente.
Mesmo assim, há dúvidas sobre a real propriedade desses endereços. A Elliptic destacou que algumas carteiras podem pertencer a corretoras de criptomoedas, sendo utilizadas para transações de diversos clientes, não necessariamente ligadas diretamente ao IRGC.
Como Israel chegou até elas?
O governo israelense não detalhou quais provas conectam essas carteiras ao IRGC. Para Amir Rashidi, especialista em direitos digitais e segurança focado no Irã, é possível que a identificação tenha ocorrido por meio de hackeamento da infraestrutura iraniana. Ele ressalta que já circulam há anos rumores de que a Guarda Revolucionária usaria criptoativos para driblar sanções internacionais.
Histórico de ataques anteriores
Essa não é a primeira vez que criptomoedas ligadas ao Irã são alvo. Em junho deste ano, durante a chamada “Guerra dos Doze Dias”, um grupo de hackers conhecido como Predatory Sparrow, supostamente ligado a Israel, invadiu a corretora Nobitex, a maior do Irã. O ataque resultou no roubo de US$ 90 milhões em criptomoedas, que foram enviados para carteiras inacessíveis — um processo conhecido como “queimar fundos digitais”.
Empresas de inteligência em blockchain, como Elliptic e TRM Labs, já haviam apontado que a Nobitex era utilizada pelo IRGC.