Comprar produtos usados em marketplaces ou redes sociais pode ser uma forma inteligente de economizar. Mas, como mostra um novo relatório da empresa de cibersegurança Zenox, esse tipo de negociação também pode esconder riscos cada vez mais sofisticados — como o Golpe do Recibo Falso.
O golpe consiste na emissão de recibos falsificados com aparência extremamente fiel aos originais, incluindo logotipos, datas, valores e até e-mails de suporte. Esses documentos são usados para “provar” a autenticidade de produtos piratas, roubados ou até inexistentes, dando mais credibilidade ao vendedor e convencendo o comprador de que está fazendo um bom negócio.
Como funciona o golpe?
Os criminosos utilizam ferramentas simples e automatizadas que geram recibos falsos em segundos. Não é necessário ter conhecimentos técnicos avançados — basta preencher um formulário com informações básicas como nome da marca, data da compra e valor pago. O sistema então cria um recibo visualmente idêntico ao original, em formato PDF, imagem ou até e-mail.
Essas ferramentas são oferecidas por meio de plataformas privadas em comunidades como Telegram e Discord, geralmente com aparência profissional. O acesso pode ser pago por assinatura ou em modelo avulso, o que cria um verdadeiro “mercado paralelo” de falsificação de documentos.
Com esses recibos em mãos, os golpistas anunciam produtos falsificados como se fossem legítimos. Muitas vezes, o comprador só descobre que foi enganado quando tenta acionar a assistência da marca — e descobre que a compra nunca aconteceu.
Quem são os principais alvos?
O foco do golpe são consumidores finais, especialmente os que compram produtos usados em plataformas como OLX, Marketplace do Facebook ou Mercado Livre. Diferente de lojas ou varejistas, o comprador comum tende a confiar no recibo como prova de procedência, especialmente quando o vendedor parece confiável ou o produto está com um preço muito abaixo do mercado.
Para as plataformas de venda, o golpe também representa um desafio: precisam lidar com reclamações, solicitações de reembolso e perda de confiança por parte dos usuários. Já as marcas afetadas sofrem com o desgaste de imagem e com o aumento de solicitações de suporte por produtos que, na verdade, nunca foram vendidos por elas.
O golpe já chegou ao Brasil
O relatório da Zenox indica que esse tipo de golpe se tornou comum na Europa e está crescendo rapidamente no Brasil. Um dos sinais disso é o aumento da presença de marcas brasileiras nos catálogos dessas ferramentas de falsificação. O sistema já permite gerar recibos com valores em reais, endereços locais e dados de empresas nacionais dos setores de moda, tecnologia, beleza e eletrodomésticos.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), a pirataria no país gerou prejuízos de R$ 471 bilhões somente em 2024 — e golpes como esse contribuem diretamente para esses números.
Como se proteger do Golpe do Recibo Falso?
Se você costuma comprar produtos de segunda mão, vale redobrar a atenção. Aqui vão algumas dicas para evitar cair nesse tipo de golpe:
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Desconfie de recibos perfeitos demais: Peça também o código de série do produto, QR Code de verificação ou nota fiscal digital vinculada ao CPF/CNPJ da compra.
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Evite negociar fora da plataforma: Sempre use o sistema de mensagens oficial da OLX, Mercado Livre ou qualquer outro site. Não leve a conversa para o WhatsApp ou e-mail.
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Prefira pagamentos pelo sistema da plataforma: Eles oferecem proteção ao comprador em caso de golpe ou produto não entregue.
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Verifique a reputação do vendedor: Veja avaliações de compradores anteriores, tempo de atuação e sinais de comportamento suspeito.
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Desconfie de preços muito baixos: Mesmo que o produto tenha um recibo, verifique se ele realmente faz sentido dentro do mercado atual.
A tecnologia por trás dos golpes evoluiu — e os criminosos estão cada vez mais profissionais. Mas, com informação e cautela, ainda é possível comprar com segurança e evitar dores de cabeça. Fique atento aos detalhes e desconfie de ofertas boas demais para serem verdade.