Germ aposta em mensagens criptografadas e leva segurança para usuários do Bluesky

A startup Germ está trazendo mais privacidade para a rede social Bluesky com o lançamento de um serviço de mensagens diretas criptografadas de ponta a ponta. Após mais de dois anos de desenvolvimento, a tecnologia começa a ser testada em fase beta e promete ser uma alternativa segura para as conversas privadas na plataforma.

A proposta da Germ é simples: oferecer comunicações privadas reais, sem depender de números de telefone e com mais controle sobre quem pode ou não interagir com você. Diferente das mensagens diretas atuais da Bluesky, que não são criptografadas, o Germ garante que as conversas fiquem protegidas, mesmo contra possíveis invasões.

Segurança moderna, sem número de telefone

O diferencial da Germ está no uso de tecnologias atuais como o Messaging Layer Security (MLS), um novo padrão aprovado pela Internet Engineering Task Force (IETF), e no Protocolo AT (ATProto), que é a base do Bluesky.

Ao contrário de aplicativos como WhatsApp ou iMessage, que exigem seu número de telefone, o Germ se integra diretamente ao Bluesky por meio da infraestrutura do ATProto. Isso permite que usuários conversem com pessoas não apenas no Bluesky, mas também em outros apps compatíveis com o mesmo protocolo, como Flashes e Skylight.

Você ainda pode configurar quem pode iniciar uma conversa com você — por exemplo, apenas pessoas que você segue. E, se decidir bloquear alguém, há a opção de aplicar o bloqueio apenas no Germ ou em toda a rede ATProto.

Tecnologia invisível, experiência simples

Mesmo com toda a tecnologia envolvida, a ideia é que o uso seja direto e acessível. Para começar uma conversa, basta gerar um “link mágico” que vai na sua bio do Bluesky. Quando alguém clica nesse link usando um iPhone, uma conversa pode ser iniciada instantaneamente — sem nem precisar baixar o app completo. Isso é possível graças ao App Clips, uma funcionalidade da Apple que permite usar partes de um app sem precisar instalá-lo.

O link funciona como uma chave criptográfica que autentica a identidade do usuário, garantindo que ninguém se passe por outra pessoa. Quem quiser, pode instalar o aplicativo completo da Germ para iOS, o que libera mais controles e uma interface mais robusta.

Por trás do projeto

A Germ foi criada por Tessa Brown, ex-professora em Stanford e pesquisadora de comunicação, e Mark Xue, ex-engenheiro de privacidade da Apple, que trabalhou em projetos como FaceTime e iMessage. Ambos queriam repensar como as mensagens privadas funcionam nas redes sociais, e partiram da ideia de que privacidade e segurança deveriam estar no centro da comunicação online.

“O que percebemos é que você não consegue construir relações reais se sente que está sendo vigiado o tempo todo — e é isso que as redes sociais atuais fazem”, comentou Brown.

O futuro da Germ

Por enquanto, o uso da Germ é gratuito, mas a startup planeja lançar recursos premium no futuro, como serviços com inteligência artificial privada e mais opções de personalização. A empresa já recebeu investimentos de fundos como Mozilla Ventures e K5 Global, além de apoio de especialistas em segurança e coautores do protocolo MLS.

A versão para Android ainda está nos planos, mas depende de uma nova rodada de financiamento.

Com o avanço da tecnologia da Germ e seu código aberto, existe a expectativa de que a própria Bluesky possa, no futuro, adotar a criptografia de ponta a ponta como padrão. Se isso acontecer, a forma como interagimos nas redes sociais pode mudar de forma significativa — e para melhor.