O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) anunciou acusações criminais contra os administradores da exchange russa de criptomoedas Garantex. A empresa teria facilitado a lavagem de dinheiro para organizações criminosas e terroristas, além de violar sanções impostas pelos EUA.
Quem São os Acusados?
Os dois principais acusados são Aleksej Besciokov, cidadão lituano residente na Rússia, e Aleksandr Mira Serda, cidadão russo residente nos Emirados Árabes Unidos. Segundo o DOJ, ambos estavam cientes de que a Garantex era utilizada para movimentação de valores ilícitos e tomaram medidas para ocultar as atividades ilegais na plataforma.
Os promotores acusam Besciokov de permitir transações associadas a criminosos cibernéticos, incluindo o grupo hacker norte-coreano Lazarus Group. Desde 2019, a exchange teria processado cerca de US$ 96 bilhões em transações de criptomoedas, muitas delas oriundas de atividades ilícitas.
Apreensão e Encerramento da Plataforma
Na quinta-feira, um dia antes do anúncio do DOJ, o Serviço Secreto dos EUA, em parceria com outras agências de segurança, derrubou os sites oficiais da Garantex. As páginas foram substituídas por um aviso informando a apreensão.
Os e-mails de contato da Garantex não estão mais ativos e a empresa não respondeu às tentativas de contato feitas pelo portal TechCrunch. Além disso, não há confirmação oficial sobre a prisão dos acusados.
Acusações e Penalidades
Besciokov e Mira Serda enfrentam acusações de conspiração para lavagem de dinheiro. Além disso, Besciokov também é acusado de violar sanções dos EUA e operar um negócio de transmissão de dinheiro sem licença. Caso condenados, ambos podem pegar até 20 anos de prisão por lavagem de dinheiro, enquanto Besciokov pode enfrentar mais 20 anos por violação de sanções e cinco anos adicionais por operar sem licença.
Histórico de Sanções e Crimes Cibernéticos
A Garantex já estava na mira de autoridades ocidentais há anos. Em 2022, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou a empresa após investigações apontarem que mais de US$ 100 milhões em transações estavam ligados a mercados ilegais da darknet e grupos de ransomware como o Conti. Em 2024, a União Europeia também sancionou a exchange, alegando sua estreita relação com bancos russos sancionados.
Mesmo sob sanções, Besciokov e seus comparsas continuaram operando a Garantex e desenvolveram estratégias para burlar as restrições, redesenhando suas operações e movendo endereços de criptomoedas diariamente para dificultar a identificação de transações proibidas.
Apreensão de Criptomoedas
As autoridades dos EUA congelaram mais de US$ 26 milhões em ativos da Garantex, incluindo 23 milhões de USDT (Tether) e 35,57 Bitcoin. Antes mesmo da intervenção do DOJ, a própria Garantex anunciou que havia suspendido todos os serviços após o emissor do Tether bloquear carteiras associadas à exchange contendo mais de US$ 28 milhões.
Reação da Garantex e Golpes Envolvendo o Caso
Após o anúncio das acusações, a Garantex alertou seus usuários sobre possíveis golpes. Em seu canal oficial no Telegram, a exchange afirmou que criminosos estão tentando se passar pela plataforma para obter informações pessoais e carteiras de criptomoedas.
O caso da Garantex ressalta o impacto da fiscalização cada vez mais rigorosa sobre exchanges de criptomoedas envolvidas em atividades ilícitas. Com medidas como sanções, apreensão de fundos e acusações criminais, as autoridades globais demonstram um esforço crescente para combater crimes financeiros no setor cripto.