Cruzeiro do Sul investiga possível vazamento de dados que pode ter exposto mais de 3 milhões de registros

No dia 30 de outubro, um grupo de cibercriminosos anunciou a venda de supostos dados da holding educacional Cruzeiro do Sul, alegando ter obtido mais de 3 milhões de registros — entre eles, 100 mil credenciais ativas de alunos e funcionários. O material, segundo os invasores, envolveria 11 instituições subsidiárias do grupo. A empresa confirmou ao TecMundo que está investigando uma possível invasão.

O que pode ter sido exposto

De acordo com a publicação feita em fóruns de cibercrime, os dados teriam sido extraídos de bancos de dados estudantis e sistemas de CRM (suporte ao cliente). O conjunto incluiria nomes completos, CPFs, datas de nascimento, e-mails, números de celular e carteirinhas institucionais — informações suficientes para facilitar golpes e fraudes financeiras.

As instituições supostamente afetadas incluem:

  • Cruzeiro do Sul

  • Centro Universitário Braz Cubas

  • Unicid

  • Universidade de Franca (Unifran)

  • Centro Universitário UDF

  • Universidade Positivo

  • Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

  • Centro Universitário FSG

  • Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP)

  • Centro Universitário de Pinhais (FAPI)

  • Centro Universitário Módulo

Os hackers, identificados sob o nome “darkhackbreach”, publicaram uma amostra com dados sensíveis como prova da invasão. O perfil usado para o anúncio foi criado apenas para esse fim — tática comum em fóruns da dark web, usada para evitar rastreamento.

Cruzeiro do Sul confirma início de investigação

Em resposta ao TecMundo, a Cruzeiro do Sul Educacional declarou que ativou seus protocolos de segurança e está apurando o incidente:

“A Cruzeiro do Sul Educacional informa que tomou ciência de um possível acesso a dados sob sua responsabilidade e já iniciou todos os protocolos de segurança, conforme exigido pela legislação brasileira e suas políticas internas”, afirmou a companhia.

A instituição acrescentou que mantém um Programa de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais alinhado à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), reforçando seu compromisso com a segurança da informação e a privacidade da comunidade acadêmica.

Até o fechamento da reportagem, a empresa não havia comentado sobre a autenticidade da amostra divulgada nem sobre o possível escopo do vazamento.

Evidências indicam conexão real com a instituição

Durante a investigação, o TecMundo identificou que alguns nomes na amostra de dados correspondem a alunos e funcionários reais da Cruzeiro do Sul, com base em perfis no LinkedIn e em portfólios digitais, como o Behance.

Essa constatação não implica risco direto, mas reforça a gravidade do incidente, já que criminosos podem usar essas informações em golpes de phishing, fraudes bancárias ou engenharia social. Táticas desse tipo exploram a confiança ou o medo das vítimas para obter senhas, transferências ou dados adicionais.

O que dizem as leis brasileiras

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) prevê a possibilidade de indenização para vítimas de vazamentos, mas desde 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deixou mais claro que é preciso comprovar dano real.

Somente dados considerados sensíveis — como informações sobre saúde, religião, orientação sexual, filiação política ou origem étnica — geram responsabilidade automática em caso de exposição. Dados cadastrais comuns, como nome e CPF, não garantem indenização sem prova de prejuízo concreto.

Como agir após um vazamento de dados

Se você suspeita que seus dados foram expostos, siga estas medidas preventivas:

  1. Troque todas as senhas imediatamente, usando combinações aleatórias e seguras.

  2. Monitore sua situação financeira em serviços como o Registrato, para detectar empréstimos ou contas indevidas.

  3. Solicite a exclusão dos dados de serviços que não utiliza mais.

  4. Avise familiares e contatos próximos, caso haja indícios de tentativas de fraude usando seu nome.

O caso segue em investigação, e a Cruzeiro do Sul ainda deve fornecer novos esclarecimentos às autoridades e à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Enquanto isso, alunos e funcionários devem redobrar a atenção com e-mails suspeitos, mensagens não solicitadas e tentativas de contato se passando pela instituição.