China acusa os EUA de conduzirem ataques cibernéticos

O governo da China acusou os Estados Unidos de realizarem ataques cibernéticos contra o Centro Nacional de Serviço do Tempo (NTSC) — órgão responsável por manter o horário padrão do país. Segundo as autoridades chinesas, as ofensivas teriam impactado sistemas financeiros, redes de comunicação e outros setores estratégicos.

A denúncia foi feita no domingo (19), em uma publicação no WeChat do Ministério da Segurança do Estado da China, que afirmou que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) liderou os ataques durante um longo período. Até o momento, o governo americano não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

Ataques teriam ocorrido entre 2022 e 2024

De acordo com o Ministério chinês, as operações atribuídas à NSA começaram em 2022, envolvendo o roubo de dados e credenciais de acesso ao NTSC. As informações obtidas teriam sido usadas para espionar dispositivos móveis e redes internas do órgão.

O relatório do governo da China descreve três frentes principais de ataque:

  • Exploração de falha em aplicativo de mensagens de uma marca estrangeira não revelada, usada para invadir smartphones de funcionários do NTSC;
  • Ataques remotos vindos de território americano contra a rede interna da entidade, mirando o sistema de cronometragem terrestre de alta precisão;
  • Ações contínuas até 2024, comprometendo o funcionamento de áreas críticas e expondo o país a riscos operacionais.

O NTSC é parte da Academia Chinesa de Ciências e é essencial para o funcionamento da infraestrutura nacional — responsável por gerar e transmitir o horário oficial usado em sistemas de energia, transporte, bancos e telecomunicações.

As autoridades chinesas alertam que violações desse tipo podem causar interrupções em larga escala, afetando desde lançamentos espaciais até serviços financeiros e de comunicação.

Reação chinesa e alerta à população

O governo chinês também pediu que cidadãos e empresas fiquem atentos a possíveis novas ofensivas estrangeiras e relatem atividades suspeitas. Em nota, o Ministério afirmou que os EUA “violam rotineiramente as normas internacionais do ciberespaço” em busca de maior controle sobre o ambiente digital global.

O que dizem os EUA?

Até o momento, a NSA não respondeu às acusações. Já a embaixada dos EUA em Pequim rebateu as declarações ao citar ataques cibernéticos conduzidos por hackers chineses contra empresas de telecomunicação americanas, com foco em espionagem.

“A China é a ameaça cibernética mais ativa e persistente ao governo dos EUA, ao setor privado e às redes de infraestrutura crítica”, declarou um porta-voz da embaixada à Reuters.

As acusações surgem em meio a um período de tensão crescente entre as duas potências, marcado por disputas comerciais e conflitos tecnológicos. Enquanto Pequim restringe a exportação de terras raras, materiais essenciais à indústria eletrônica, Washington avalia novas tarifas sobre produtos chineses, ampliando o atrito geopolítico entre os países.