Novo golpe no WhatsApp usa compartilhamento de tela para roubar contas e dinheiro

Pesquisadores da ESET descobriram um novo tipo de golpe no WhatsApp que se aproveita da função de compartilhamento de tela para enganar vítimas e roubar informações sensíveis. Diferente de ataques com malware, essa fraude explora pura engenharia social: o usuário, convencido por um golpista, concede acesso à própria tela durante uma videochamada — permitindo que os criminosos vejam tudo em tempo real.

Como o golpe funciona

O chamado “screen-sharing scam” (golpe do compartilhamento de tela) começa geralmente com uma videochamada de um número desconhecido, muitas vezes com um número falso que parece local.
O golpista se passa por um funcionário de banco, técnico da Meta, suporte do WhatsApp ou até um parente em apuros. A câmera deles normalmente está desligada ou desfocada, mas o foco é colocar a vítima sob pressão emocional.

Eles criam um senso de urgência, alegando situações como:

  • movimentações suspeitas na conta bancária;
  • invasão do WhatsApp;
  • bloqueio iminente da conta;
  • prêmios que precisam ser “confirmados” rapidamente.

Em seguida, pedem que a vítima compartilhe a tela do celular ou instale aplicativos de acesso remoto, como AnyDesk ou TeamViewer, com a justificativa de “ajudar a resolver o problema”.
Quando isso acontece, o golpista ganha acesso total à tela e consegue ver senhas, códigos de verificação (SMS e 2FA), mensagens e até dados bancários.

Com essas informações, os criminosos sequestram contas do WhatsApp, fazem transferências, roubam redes sociais e até aplicam golpes em amigos e familiares da vítima.
Casos já foram registrados no Reino Unido, Índia e Hong Kong, incluindo um em que uma pessoa perdeu 5,5 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de US$ 700 mil).

Por que o golpe é tão eficaz

O sucesso do golpe depende de três gatilhos psicológicos clássicos da engenharia social:

  • Confiança: o golpista se apresenta como uma figura legítima.
  • Urgência: inventa um problema crítico que precisa ser resolvido na hora.
  • Controle: a vítima entrega o acesso quando compartilha a tela.

Como se proteger

A ESET destaca práticas simples, mas essenciais, para evitar cair nesse tipo de fraude:

  1. Nunca compartilhe sua tela com desconhecidos.
    Mesmo que pareçam de empresas legítimas, desligue a ligação e entre em contato diretamente com o suporte oficial.
  2. Jamais revele dados sensíveis por telefone ou mensagem.
    Nenhum banco, empresa ou app confiável pedirá senhas, códigos 2FA, PINs ou dados de cartão por chamada.
  3. Não instale aplicativos de acesso remoto a pedido de terceiros.
    Ferramentas como AnyDesk e TeamViewer são legítimas, mas entregam o controle total do dispositivo quando mal utilizadas.
  4. Evite agir por impulso.
    Se receber uma mensagem alarmante, respire e verifique a informação por conta própria antes de tomar qualquer atitude.
  5. Ative a verificação em duas etapas do WhatsApp.
    Vá em Configurações > Conta > Verificação em duas etapas e crie um PIN. Assim, mesmo com seu código de login, o criminoso não consegue acessar sua conta.

O golpe do compartilhamento de tela mostra como a manipulação emocional continua sendo uma das armas mais poderosas dos cibercriminosos.
No fim, a melhor defesa ainda é a desconfiança saudável — especialmente quando alguém pede acesso ao seu dispositivo “para ajudar”.