Digital Recovery: a empresa brasileira que enfrenta o ransomware de frente

Nos últimos anos, o ransomware deixou de ser uma ameaça distante e passou a ser um dos principais problemas para empresas no mundo todo. No Brasil, grandes companhias como Lojas Renner, CVC e Porto Seguro já sentiram o impacto direto desses ataques, que paralisam sistemas e chantageiam vítimas em troca de resgates milionários.

Nesse cenário, uma empresa goiana ganhou destaque global: a Digital Recovery. Fundada no interior de Goiás, ela conquistou espaço em um mercado tradicionalmente dominado por gigantes internacionais e se especializou em algo essencial — recuperar dados criptografados por ransomware sem pagamento de resgate.

O crescimento do ransomware

Segundo a Chainalysis, em 2024 os grupos de ransomware receberam cerca de US$ 814 milhões em pagamentos — uma queda de 35% em relação a 2023, mas ainda números gigantescos. A redução não significa que os ataques diminuíram; pelo contrário, as quadrilhas seguem ativas, mas vítimas e autoridades estão mais resistentes em ceder.

O problema não é novo. O primeiro registro de ransomware vem de 1989, com o AIDS/PC Cyborg Trojan, distribuído em disquetes. Desde então, a técnica evoluiu e hoje combina sequestro de dados, vazamentos e chantagem pública.

O impacto no Brasil

O Brasil está no radar desses criminosos. A pesquisa State of Ransomware 2025, da Sophos, revelou que:

  • 73% das empresas brasileiras entrevistadas sofreram ataques em 2024;

  • 66% chegaram a pagar algum resgate;

  • o custo médio de recuperação, sem contar o pagamento, foi de US$ 1,19 milhão;

  • 55% conseguiram se recuperar totalmente em até uma semana.

Esses números explicam por que o tema se tornou prioridade nas reuniões de conselhos e CFOs.

Como atua a Digital Recovery

De acordo com Henrique Sardinha, CEO do grupo, a empresa nasceu focada em recuperação de dados em desastres, mas a experiência acumulada foi fundamental para enfrentar os ransomwares:

“Todo o nosso background anterior nos deu a capacidade de entender como o ransomware se comporta em um sistema infectado. Com isso, conseguimos desenvolver uma solução exclusiva para recuperar dados criptografados.” — Henrique Sardinha, CEO.

O processo é altamente técnico:

  • preservação de evidências e análise forense;

  • identificação da variante do ransomware e estudo da criptografia;

  • uso de técnicas de descriptografia personalizadas ou recuperação via metadados, snapshots e logs;

  • sempre em ambiente controlado, garantindo a cadeia de custódia.

A Digital Recovery estima ter ajudado clientes a economizar cerca de US$ 140 milhões em pagamentos de resgate, ao oferecer alternativas técnicas para retomada das operações.

A pressão internacional

O combate ao ransomware também ganhou força fora do Brasil. Em 2024, a operação Cronos (com participação de NCA, FBI e Europol) derrubou parte da infraestrutura do grupo LockBit e disponibilizou chaves de descriptografia. Apesar disso, afiliados e imitadores seguem tentando se reorganizar.

A tática também mudou: muitas quadrilhas passaram a focar em extorsão apenas pelo vazamento de dados, o que mantém a pressão sobre empresas, mesmo quando há backups disponíveis.

Segundo o SonicWall Cyber Threat Report 2025, a América Latina registrou alta de 259% no volume de ransomware entre 2023 e 2024 — um alerta importante para organizações brasileiras.

Um aliado contra o crime digital

Enquanto os ataques se sofisticam, empresas como a Digital Recovery mostram que é possível reduzir o impacto das quadrilhas e acelerar a recuperação, sem depender do pagamento de resgates. Em um mercado cada vez mais desafiador, sua atuação reforça que resiliência e resposta técnica são as chaves para enfrentar o ransomware.