Pressão sobre backdoors: Google nega ter recebido ordens secretas do Reino Unido, e Apple recorre judicialmente

O governo do Reino Unido parece estar recuando em uma polêmica exigência feita à Apple: criar um backdoor secreto para permitir que autoridades britânicas acessem dados criptografados de usuários em todo o mundo. A decisão de rever essa postura teria sido motivada por críticas severas, inclusive por parte do governo dos Estados Unidos.

Tudo começou quando o jornal The Washington Post revelou que o Ministério do Interior britânico havia solicitado, de forma sigilosa, uma ordem judicial para obrigar a Apple a quebrar a criptografia de ponta a ponta dos dados armazenados na nuvem, como os backups de iPhones e iPads. A Apple, que não tem acesso aos dados criptografados de seus usuários, recorreu judicialmente à medida, chamando a exigência de um risco à privacidade global.

Esse tipo de ordem, por lei, não pode sequer ser mencionada publicamente pelas empresas envolvidas. Ainda assim, o caso veio à tona, provocando reações duras de parlamentares americanos. Um deles foi o senador Ron Wyden, que atua no Comitê de Inteligência do Senado dos EUA. Ele agora quer saber se outras big techs, como o Google e a Meta, também receberam exigências semelhantes do governo britânico.

Enquanto o Google inicialmente se recusou a responder formalmente, posteriormente confirmou ao site TechCrunch que não recebeu nenhuma ordem desse tipo — algo inédito até então. O porta-voz da empresa, Karl Ryan, reforçou: “Nunca criamos nenhum mecanismo ou ‘backdoor’ para contornar a criptografia de ponta a ponta em nossos produtos. Se dizemos que é criptografado, é porque realmente é”.

A Meta, dona do WhatsApp e do Facebook Messenger, também afirmou que nunca recebeu uma ordem secreta para quebrar a criptografia de seus serviços.

Wyden, em uma carta enviada à diretora de inteligência dos EUA, Tulsi Gabbard, solicitou uma avaliação pública dos riscos à segurança nacional que podem ser causados pelas leis de vigilância do Reino Unido. A preocupação é que exigências desse tipo comprometam a confiança em serviços digitais e enfraqueçam a proteção de dados pessoais.

O debate sobre segurança e privacidade digital segue em alta, especialmente diante do avanço das legislações de vigilância e da constante tensão entre governos e empresas de tecnologia.