Itália no Centro de Polêmica: Governo admite uso de Spyware Militar Israelense

Uma polêmica envolvendo vigilância digital está gerando grandes repercussões na Itália. O governo do país confirmou o uso de uma tecnologia de espionagem de nível militar desenvolvida por Israel, mas negou qualquer tipo de monitoramento ilegal de jornalistas e ativistas. A declaração veio após uma investigação revelar que pelo menos sete dispositivos móveis foram monitorados com spyware.

Governo Italiano Nega Espionagem Indevida

A polêmica teve início quando o WhatsApp, da Meta, alertou dezenas de usuários na União Europeia de que seus dispositivos foram alvos de ataques utilizando software da Paragon Solutions, uma empresa israelense de cibersegurança. Segundo a rede social, sua equipe interrompeu “uma campanha de spyware” que tinha como alvos jornalistas e membros da sociedade civil.

Em resposta, o ministro italiano Luca Ciriani confirmou a existência de um contrato entre o governo e a Paragon Solutions, justificando o uso da ferramenta para fins de segurança nacional e combate ao terrorismo. No entanto, garantiu que a legislação de privacidade é “rigorosamente respeitada” e negou qualquer espionagem ilegal de jornalistas. Ciriani ainda ameaçou processar qualquer pessoa que sugerisse o contrário.

Jornalistas e Ativistas Entre os Possíveis Alvos

Entre os alvos suspeitos de espionagem estão Luca Casarini, diretor da organização de resgate de migrantes Mediterranea Saving Humans, e Francesco Cancellato, editor do site de notícias Fanpage. Ambos são conhecidos críticos das políticas do governo italiano.

Recentemente, Casarini e Cancellato receberam notificações do WhatsApp alertando sobre a infecção de seus dispositivos por spyware. O aplicativo recomendou que os dois entrassem em contato com o Citizen Lab, um centro de pesquisa da Universidade de Toronto, especializado no combate a ataques cibernéticos.

Cancellato acredita que foi alvo de hackers interessados em descobrir detalhes das reportagens que estava preparando. Seu portal de notícias já denunciou comportamentos neofascistas dentro do partido de extrema-direita da primeira-ministra Giorgia Meloni. Casarini, por sua vez, suspeita que foi monitorado devido ao seu trabalho no resgate de migrantes no Mar Mediterrâneo, um tema sensível diante das recentes políticas do governo italiano para impedir a chegada de refugiados ao país.

A polêmica levanta questões sobre os limites da vigilância digital e o respeito aos direitos humanos, colocando o governo italiano sob pressão para esclarecer como essa tecnologia está sendo utilizada.