A rede social X (antigo Twitter), controlada por Elon Musk, está sendo formalmente investigada pela União Europeia por suposto uso indevido de dados públicos em treinamentos de inteligência artificial. A apuração foi iniciada pela Comissão Irlandesa de Proteção de Dados (DPC), órgão responsável por fiscalizar a privacidade digital em todo o bloco europeu.
O foco principal da investigação é o Grok, chatbot desenvolvido pela própria empresa, que estaria sendo treinado com postagens públicas feitas por usuários da plataforma — sem clareza sobre os critérios de coleta, nem consentimento explícito.
Grok na mira da regulamentação europeia
Segundo o comunicado oficial da DPC, o inquérito busca determinar se o X está em conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), especialmente no que diz respeito à transparência, legalidade e finalidade do uso de dados pessoais, mesmo aqueles publicados de forma pública.
Caso a plataforma seja considerada culpada de violações, poderá enfrentar multas pesadas, sanções legais e restrições no uso de dados para treinar seus sistemas de inteligência artificial.
Histórico de compromissos e controvérsias
A investigação surge meses após o X ter firmado um acordo na Justiça da Irlanda, em setembro de 2024, no qual se comprometeu a não utilizar dados pessoais de usuários europeus para fins de treinamento de IA entre os dias 7 de maio e 1º de agosto daquele ano. No entanto, o desenvolvimento de novos modelos seguiu normalmente após esse período.
Esse caso é mais um capítulo nas tensões crescentes entre a União Europeia e grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, especialmente quando o assunto é privacidade digital e uso ético de dados. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já sinalizou que o bloco pode impor tarifas e penalidades às chamadas big techs que desrespeitem as normas locais.