Uma investigação recente da agência de fact-checking Aos Fatos expôs uma operação criminosa em que indivíduos utilizavam grupos de teoria conspiratória no aplicativo Telegram para comercializar carteiras de vacinação falsificadas, com registros aparentemente autênticos no sistema do Sistema Único de Saúde (SUS). Os detalhes chocantes dessa atividade ilícita vêm à tona nesta semana.
De acordo com a apuração minuciosa da agência, os criminosos ofereciam registros de doses de vacinas, incluindo aquelas vinculadas ao Programa Nacional de Imunizações e as sazonais. Os preços para esse serviço fraudulento variavam de R$ 200 a R$ 600, sendo este último o valor para a chamada “imunização completa” contra a Covid-19.
O modus operandi desse esquema ilícito guarda semelhanças com o caso sob investigação pela Polícia Federal envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, que é suspeito de alterar cartões de vacinação de membros de sua família e de parentes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A reportagem destaca que, além de utilizar o Telegram para promover a venda dos certificados falsos de vacinação, o esquema também estava conectado a uma clínica da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro.
Para adquirir essas carteiras de vacinação falsas, os “clientes” eram obrigados a fornecer informações pessoais, como nome completo, CPF e número do cartão do SUS. Além disso, tinham a opção de escolher datas fictícias para a inclusão de informações no sistema e até mesmo o fabricante da vacina falsificada.
Caso sejam condenados, os membros desse grupo criminoso podem enfrentar multas e penas de prisão que variam de dois a 12 anos por inserir dados falsos em sistemas de informação da administração pública, o que é considerado um crime federal. Aqueles que utilizaram essas carteiras falsificadas podem ser sentenciados a até seis anos de prisão por uso de documento falso.
Em resposta às descobertas, o Telegram informou em nota à agência Aos Fatos que está trabalhando ativamente na remoção de conteúdo prejudicial, incluindo golpes e a venda de produtos fraudulentos.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro emitiu uma declaração repudiando o que descreveu como um “crime contra a saúde pública”, considerando a situação extremamente grave. A pasta também expressou a expectativa de que uma investigação rigorosa seja conduzida e que os envolvidos sejam devidamente punidos.
Por fim, o Ministério da Saúde declarou, em comunicado à agência Aos Fatos, que não medirá esforços para colaborar com as autoridades competentes e assegurar que os responsáveis por essa fraude enfrentem as devidas consequências legais.