O Tribunal Penal Internacional (TPI), a única corte permanente do mundo encarregada de investigar e julgar casos de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, declarou que um ataque cibernético ocorrido em setembro contra seus sistemas tinha a finalidade de espionagem.
Com sede em Haia, na Holanda, o tribunal havia confirmado no mês anterior a invasão de hackers em sua rede. Em uma atualização divulgada na sexta-feira, o TPI esclareceu que investigações posteriores revelaram que o incidente foi um “ataque direcionado e sofisticado” com o propósito de espionagem.
Segundo o tribunal, esse ataque pode ser interpretado como uma séria tentativa de minar o mandato do TPI. A corte detém informações delicadas relacionadas a alegados crimes de guerra e dados sobre testemunhas cujas identidades poderiam estar em risco se fossem expostas. Contudo, ainda não foi confirmado se os invasores conseguiram acessar ou roubar algum dado durante o ataque.
O TPI declarou que, caso sejam encontradas evidências de que dados confidenciais do tribunal foram comprometidos, as pessoas afetadas serão contatadas diretamente pela instituição. O tribunal não forneceu detalhes sobre a natureza específica do ataque, como a possível presença de malware.
Até o momento, não foi identificada a autoria do ataque cibernético, mas o TPI prevê que sofrerá campanhas de desinformação direcionadas a fim de deslegitimar suas atividades e funcionários.
O tribunal enfatizou que o ataque ocorreu em um momento de “preocupações de segurança mais amplas e elevadas”. Após o TPI emitir mandados de detenção para o presidente russo, Vladimir Putin, a Rússia reagiu emitindo mandados de detenção para o presidente do TPI, seu vice, o procurador-chefe e um dos juízes presidentes.
Adicionalmente, o TPI afirmou que tem enfrentado “tentativas diárias e persistentes” de ataques e perturbações em seus sistemas.
Em resposta a esse ataque cibernético sem precedentes ocorrido em setembro, o TPI informou que está fortalecendo suas medidas de segurança cibernética, incluindo o reforço de seu quadro de gestão de riscos e a implementação de procedimentos para proteger potenciais riscos à segurança de vítimas e testemunhas.