No início do ano, o governo federal anunciou a criação do programa Voa Brasil, prometendo a possibilidade de compra de passagens aéreas por R$ 200. Contudo, mesmo sem ter sido lançado e sem uma data definida para entrar em operação, criminosos já estão se aproveitando da expectativa em torno do programa para aplicar golpes por meio de anúncios falsos na internet.
Funcionamento do Golpe:
Um levantamento realizado pelo NetLab, laboratório de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelou a existência de 457 anúncios falsos relacionados ao programa Voa Brasil em apenas 24 horas. Os golpistas utilizam anúncios fraudulentos em redes sociais, atraindo vítimas com a promessa de passagens aéreas a preços reduzidos.
Ao clicar no anúncio, a vítima é redirecionada para um chat falso que exibe o símbolo do governo federal. Durante a interação, os golpistas solicitam o número do CPF do usuário, visando obter informações pessoais sensíveis.
Desafios e Medidas Tomadas:
A coordenadora do NetLab, Rose Marie Santini, destaca que qualquer pessoa com um cartão de crédito pode postar anúncios em redes sociais, sejam eles verdadeiros ou falsos. No entanto, ressalta que, ao contrário da União Europeia, não há legislação no Brasil que obrigue as plataformas a fornecerem relatórios detalhados sobre anúncios, seus financiadores e alcance.
Diante da crescente ameaça, o Secretário Nacional do Consumidor emitiu um prazo de 72 horas para que as plataformas removessem os anúncios falsos do Voa Brasil. Uma medida semelhante foi adotada em setembro em relação a outro programa governamental, o Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas. No entanto, mesmo após dois meses, o NetLab identificou persistência de anúncios fraudulentos, evidenciando a urgência em fazer com que as plataformas cumpram as leis brasileiras e se submetam ao mesmo regime jurídico das publicidades fora do ambiente digital.
A reportagem do G1 buscou contato com a Meta, responsável por algumas das plataformas onde os anúncios foram identificados, mas até o momento não recebeu resposta. A situação alerta para a necessidade de ações mais rigorosas no combate a golpes online, visando a proteção dos consumidores.