As investigações sobre o suposto esquema ilegal de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) continuam a gerar repercussões, desta vez com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) se pronunciando sobre o caso. De acordo com a Anatel, o monitoramento de celulares através do software espião FirstMile ocorreu sem qualquer interação das operadoras de celular brasileiras.
A entidade afirmou que, assim que surgiram as primeiras notícias sobre o uso indevido da ferramenta pela Abin, foram abertos processos junto às operadoras. A Anatel constatou que as empresas têm sistemas de proteção instalados “há vários anos” contra o software de espionagem e similares.
Apesar disso, a Anatel determinou que as operadoras realizem novos testes “sobre a suficiência da proteção implantada”, medida que já está sendo providenciada, segundo informações do portal Tele.Síntese.
Nesta quinta-feira (25), a Polícia Federal deflagrou uma nova operação para apurar o uso da ferramenta FirstMile. Um dos investigados é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem, que comandou a agência durante o governo de Jair Bolsonaro.
O uso da ferramenta desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) foi revelado em março do ano passado. A investigação da PF aponta que o software comprado pelo governo usava GPS para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
O FirstMile utiliza um malware para acessar todo o conteúdo dos computadores, podendo invadir via e-mail, mensagem de texto, WhatsApp Web ou acesso físico ao computador. A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses, localizando os aparelhos através das redes 2G, 3G ou 4G, e gerando alertas sobre a rotina de movimentação dos alvos de interesse, de acordo com a Data Privacy Brasil.